sexta-feira, 2 de maio de 2008

Uma experiência genética




O rápido desenvolvimento da tecnologia combinado à velha vontade humana de longa vida está permitindo grandes evoluções na área de pesquisas científicas. Os cientistas prosseguem suas pesquisas e evoluem a cada dia, encaminhando a sociedade para um novo rumo, o que vem causando polêmicas e discussões sobre quão ético são estas pesquisas na prática.

A genética estuda a hereditariedade, a transferência das características físicas de gerações para gerações por meio de genes. Em 2000 foi completado o sequenciamento genético de todos os genes humanos, e concluiu-se o mapeamento genético, um avanço muito importante, pois conhecendo a função de cada seqüência do DNA é possível eliminar doenças de origem genética. Com a engenharia genética também é possível modificar esta seqüência a fim de manipular as características que o organismo vai assumir.

Porém, não se pode ter total controle sobre o gene inserido, e este pode afetar outros genes, tornando assim difícil limitar os efeitos ecológicos. Um exemplo está na agricultura, onde alimentos geneticamente modificados são resistentes a ervas e pestes, porém, por meio da polinização, por exemplo, os genes que deixam a plantação resistente podem ser transferidos para a erva e esta se torna resistente a defesa.

Uma crítica, geralmente religiosa, é contra a intervenção do homem na “criação divina”. A ignorância do princípio e do por que da vida faz os assuntos vida e morte assumirem esta natureza divina. A possibilidade de o próprio Homem criar um ser pensante e interferir até mesmo na morte pode desestruturar crenças em divindades intocáveis. A Igreja católica diz que utilizar um embrião é equivalente a matar, porém até o 14º dia o embrião não possui sistema nervoso, e continua a discussão se a vida se inicia desde a fecundação, ou apenas a partir do momento em que aquele embrião sente alguma dor.

Um outro ponto negativo encontra-se na utilização da ciência de modo errado, ou antiético. O mapeamento genético pode identificar que uma pessoa possui, ou vai possuir uma doença que pode ainda não ter a cura, ou pode até mesmo identificar a idade média de sua morte. Pergunta-se então: seria certo informar a pessoa, considerando que ela não tem como mudar isto? O mapeamento também pode identificar as capacidades físicas de alguém, impondo o que ela pode ou não fazer, a impedindo de superação, pois uma oportunidade não seria dada a alguém comprovadamente incapaz.

São previstas conseqüências como modelos sociais diferentes da atual, porém não menos problemáticos. Uma possível estrutura social futura é apresentada no filme Gattaca, onde o poder gira em torno da ciência.

No ápice da genética, os filhos são produzidos em um laboratório, juntando as melhores características de cada um dos pais. Estes pagam pelas características físicas e psicológicas consideradas boas e desativam, por exemplo, a predisposição ao uso de drogas ou à violência. Ao nascer, os pais recebem um relatório com as doenças que a pessoa terá e a idade média de sua morte, fardo que o homem carregará consigo ao longo de sua vida, sendo este bom ou ruim. Os filhos originados do sexo são chamados de filhos de fé e carregam o fardo da impossibilidade.

Os conceitos de “normal” e “anormal” são apenas substituídos pelas palavras “válidos” e “inválidos”. Onde os válidos são os seres geneticamente perfeitos, com capacidade elevada e assumem o topo e o controle da sociedade, e os inválidos são os filhos de fé, julgados incapazes não mais apenas por cor ou classe social, mas sim pela sua identidade genética. O filme mostra também a falta de controle do Estado sobre a génetica, o que parece já ter se iniciado na realidade.

Este controle deveria ser feito não apenas pelo Estado, mas também pela sociedade, afinal, as informações correspondentes ao Homo sapiens são propriedade pública, e mesmo que as informações específicas de um determinado indivíduo sejam particulares, a adoção da prática do mapeamento genético de alguém é de interesse geral, e não apenas de uma pequena camada.

O personagem central da história fictícia do referido filme é um filho de fé, um inválido. Ao dar a vida a Vincent, os pais receberam a idade de morte: 30 anos. Baseado na fraqueza do filho, o pai guardou o seu nome para dar ao irmão que mais tarde foi concebido por meio da genética, com condições físicas adequadas às novas exigências da sociedade. O que mostra a discriminação familiar induzida pelos padrões exteriores.

Induzido por estes padrões, Vincent quando adulto deseja ser “normal”, válido. Como único modo de se introduzir na nata da sociedade ele corrompe o sistema comprando material genético de um homem válido geneticamente, mas incapaz de carregar o fardo de ser perfeito. O inválido se esforça muito para se igualar aos outros e, burlando o sistema, consegue seu ideal: viajar para as estrelas.

O filme conclui a história mostrando que o cérebro está longe de ser mapeado, que o ser humano é capaz de superar os outros, e principalmente, se superar. Porém, o ato heróico do personagem pode não acontecer na realidade. A partir do momento em que tivermos a capacidade suposta no filme de produzir seres humanos perfeitos, ao menos fisicamente, poderemos não ter a capacidade de superar os filhos da ciência.

Por isso trata-se de um assunto sério e de interesse mundial, e não apenas de um laboratório, organização ou país. O rumo da humanidade depende da direção que deixamos ela seguir, e esta direção deve ser escolhida por todos, a fim de não prejudicar uns em benefícios de outros. Não esquecendo que o rumo da ciência não poderá inovar a atual estrutura social, então, existem muitas problemáticas a serem discutidas quando se trata de assuntos relativos e complexos como a ética e a genética.

1 comentários:

giacobbo disse...

"a transferência das características físicas de gerações para gerações por meio de genes"

Pois é moça, li seu texto e le digo que eu tenho muita dúvida acauso que so muito interessado nesse assunto. So caminhoneiro a mai de 25 ano, e to pensando em te um cria das boa, como ja tinham me avisado que a medicina ja pode tira o defeito da cria que ta por vir, resolvi pesquisá eu mesmo na internet e achei essa reporagem da sra, Dra.
Minha dúvida é a seguinte dotora, é possivi di eu te um filho varão, sem te o mesmo problema de gastrite, e de gases que eu? alem do mais se der pra faze o muleque roncar menos do que eu tambem ja vai ajuda, assim a patroa dele nao vai reclama tanto quanto a minha. A sra. me responda se puder, e me diga onde fica seu consultorio que dinhero não é poblema por quê já acabei o fincaciamento do meu cainhao e to trabalhando nos dias de hoje na safra de soja.

Um abraço.