sábado, 6 de outubro de 2007

Perspectiva utópica - passado e futuro.


Embora digamos diariamente que gostaríamos de mudar muitas coisas no mundo e idealizarmos cenas utópicas não as concretizamos nem nos mínimos detalhes em nossa vida. Não dirijo minha conclusão de modo crítico, pois talvez seja algo óbvio, caso realizássemos nossas idéias utópicas, elas perderiam sua característica principal: serem irrealizáveis. E digo isso baseada em experiência própria. Sempre amei teatro, cinema e afins, não apenas devido à apresentação final do projeto, que geralmente é esteticamente bonita, mas pela estética e conteúdo da montagem de um espetáculo. Ensaios, bebidas, confissões, paixões, brigas, conciliações, reconciliações. Porém, nunca percebi que tudo isso também era uma idealização esteticamente perfeita ao meu ponto de vista. Pondo tudo em prática encaramos os desafios, e brigas nem tão bonitas assim. Problemas que não são nada estéticos e soluções menos ainda. A parte do meu cérebro que eu poderia chamar de “a parte sonhadora das minhas idéias” ainda ocupa bastante o meu tempo, mas existe uma parte realista em mim que tenta avisar que não adianta planos de viagens físicas para alcançar um estado psicológico.

Vivemos procurando um sentido pra vida, algo bastante complexo. Mas também procuramos a felicidade, algo que nós complicamos. Lemos nas crônicas no jornal, vemos as pessoas enchendo a boca e falando que a felicidade não é uma meta, porém, mesmo capaz de concordar, sou incapaz de colocar em prática. Minha perspectiva do passado e do futuro são muito diferenciadas da do presente. “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem” (Oswald de Andrade).

“Deitada na minha cama, escutando os gemidos do meu choro sem dor. O ruído de inspirar aquele ar quente que me é familiar - pois parece estar circulando naquele pequeno espaço entre mim e as cobertas há horas - lembram-me de quantas horas eu podia permanecer refugiada neste mesmo lugar antes. Em fim posso descansar minhas pálpebras cansadas da claridade. Agora um medo sobe a minha espinha e me remete a uma relação com o passado. Uma intensa relação com as cenas da minha juventude. É incrível, eu posso me assistir deitada a grama conversando assuntos interessantes com pessoas jovens e bonitas, pareço mais bonita do que eu pensava na época. ‘Queres cara?’ ‘Quero meu’ ‘Olha que estético isso cara’. Onde andariam esses rapazes e moças bonitas que vejo? Eles não são o estilo da época, eles me transportam à uma época que eu não vivi. Porque isso acontece? Não consigo entender mais nada. Estou cansada. Meus olhos doem implorando uma luz. Eu os abro e ainda não a encontro. Onde eu estou? Que lugar quente é esse? Ele parecia tão aconchegante há uns segundos atrás. Na posso mais encontrar o que eu havia encontrado. Meu rosto está úmido. Preciso de ajuda. Porque ninguém aparece? Onde estão aquelas pessoas que estavam aqui comigo? Não consigo concretiza-las, mas não era um surto, tenho certeza. Eu as vi, as toquei. Preciso de ar, está ficando insuportável aqui e não posso enxergar uma luz. Eu sei que essa luz existe, e que quando eu a encontrar irei achar impossível não tê-la visto, mas parece que o ar aqui vai acabar antes da luz me encontrar. Eu queria tanto isso antes e agora sinto-me arrastada por um turbilhão de motivos para não permanecer mais aqui. Há quantas horas estou aqui? Por favor, desligue a luz! Mas deixe o reflexo da lua entrar pela janela, meu corpo refletirá uma luz dourada esteticamente perfeita!”

1 comentários:

Evelise C. Genesini disse...

Uma verdadeira enxurrada de pensamentos ;]
Veste tua armadura e faz o teu dia chegar ao máximo...Do preto e branco ao sépia ;]