quarta-feira, 29 de abril de 2009

Uma fatia de poder em troca de uma fatia de liberdade


No momento existem mil idéias surgindo e bombardeando a minha mente. Eu nem sei se sou capaz de organiza-las logicamente. Mas vou tentar.

Primeiro, gostaria de dizer o assunto principal entre essas várias idéias: liberdade.

O texto não é o mesmo de quando eu digo que me sinto presa. Mas como o assunto é o mesmo, provavelmente uma coisa tenha relação com a outra.

O caso do jogador brasileiro que deixou o emprego de dólares e voltou a morar na favela onde cresceu me deixou muito pensativa. Filosofei vagamente sobre como fazemos escolhas na vida que dificilmente pode-se voltar atrás. É claro, que como o Adriano fez, podemos desistir, mas provavelmente não será a mesma coisa. Pois nós também nos transformamos.

Lendo um texto sobre os guaranis, fiquei intrigada com uma coisa: eles trabalhavam quando queriam, não existia a obrigação do trabalho, era uma forma de trabalho bem mais livre. Para isso, a comunidade tinha que controlar sua natalidade, e o modo como isso se dava era por meio do aborto e do infanticídio.

Agora, lendo sobre os direitos humanos, me deparei com frases que também remetem a idéia central. “Liberdades e poderes, com freqüência, não são – como se crê – complementares, mas incompatíveis.” Em suma, os direitos são adquiridos por meio da supressão de certas liberdades. Isso seria o direito, o que restringe as liberdades individuais (embora o direito de caráter individualista) em favor da sociedade.

Além dessa frase, o livro cita como exemplo dessa oposição entre o liberal e o socialismo. Aí, também lembro-me do livro Quincas Borba (do séc XIX) e do mito do humanitas, onde Machado de Assis cita a teoria liberal vigente na época: “porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra.” Também no livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, o filósofo afirma que os esforços realizados pelo escravo são necessários, pois se não fosse o esforço do escravo para preparar o alimento, o humanitas não teria alimentos, que é uma questão de sobrevivência. Assim, temos que, para que um direito seja estabelecido, há uma restrição de liberdade de um outro grupo ou individuo.

Nesse exemplo da escravidão, parece atualmente obvio que o direito de liberdade do escravo é bem mais significativo que o do que escraviza. Isto porque, o motivo apresentado no livro de Machado de Assis, é um mito, se apresenta de forma vaga com a finalidade de criar uma verdade absoluta. Apenas olhando de maneira objetiva, sabemos que essa “necessidade de sobrevivência” é buscada no evolucionismo e não faz o menor sentido no contexto real. Mas, de fato essa idéia de que o direito de uns exclui a liberdade de outros, apresenta-se pra mim atualmente como verdade.

A liberdade de imprensa, por exemplo, pode tirar o direito dos indivíduos de terem noticias verdadeiras, apresentadas de maneira ética. Enfim, acredito que deve haver um dialogo sempre, para que se busque o mais sensato. Porém, certamente existem escolhas que nos beneficiam em muitos sentidos, mas nos privam da liberdade.

O nosso Adriano parece que está passando por essa crise, onde o poder que ele obteve foi incapaz de substituir a sua primitiva liberdade, como os guaranis tinham de trabalhar quando quisessem.

Desculpem se houver algum erro no texto ou se algo ficou sem lógica, mas eu preciso terminar esse livro hoje, por isso não pude corrigir.

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