domingo, 20 de janeiro de 2008

Endorfina e adrenalina


“Então vai!” foram as ultimas palavras que ela escutou. Ela disse aquilo convicta, decidida. Era isto que queria para a sua vida, mas de qualquer maneira esperava certa resistência daquela que ali estava, com os cabelos desarrumados, os olhos afundados em uma massa enrugada e cansada. Eu te amo tá?! Estava cansada de exigências daqui e dali, ela só queria viver antes de se igualar a ‘mulher massinha’.
Adrenalina e Endorfina. Pavor, medo, enfrentar os fantasmas durante a noite, ou quem sabe se esconder deles e aparecer apenas de manhã, sentir alívio e gozar da luz e do calor do sol. Sentir o sol aquecer aos poucos até atingir o ponto máximo, até queimar, pra ter uma lembrança do dia, quando a noite chegar novamente e trouxer o frio e os delírios. Delirar, conviver com os fantasmas. Acostumar-se com o medo e o frio. Sentir o coração bater pouco a pouco mais forte, disparar, e de súbito se sentir tão leve ao ponto de lembrar, mas incapaz de sentir como aquilo tinha acontecido, incapaz de sentir o coração, como se não fosse sentir isso nunca mais. Ela não queria muito, apenas isto. Sentir qualquer tipo de sensação. Queria sofrer. Se apaixonar e ir embora antes mesmo de falar, falar e ir antes de beijar, sentir o calor da boca e partir antes de sentir o corpo. Sentir o corpo e abandoná-lo na cama, sem dar tchau, sem ficar pra saber o que vai acontecer. Ficar amiga de uma senhora solitária fingindo ser inocente e puritana. Provocar um velho nojento que perdeu a esperança de sentir o apreço de uma mulher na vida.
Queria fazer um strip em uma boate com aquelas perucas curtinhas e coloridas, provocar um homem até sentir sua auto-estima transbordar, e o deixar na vontade. Queria também conhecer novos pontos de vista, fazer laços afetivos por aí, pra sentir saudade pro resto da vida, aquela nostalgia onde sentimos falta de amar, não do amor, de adorar, não do adorado. Queria conhecer superficialmente as pessoas pra não se decepcionar. Queria conhecer profundamente as pessoas pra aprender.
Tantos desejos guardados junto com aquelas poucas roupas amassadas dentro daquela mochilinha de tecido. Uma mochila abatida de tanto carregar livros de matemática, física, química. Acabou um período da sua vida e ela precisava decidir o curso que seguiria. Mas ela antes precisava de um tempo e um espaço só pra si. E foi buscar isso no mundo. Eu não consigo entender essa sensação estranha. Eu me sinto presa em mim mesma quando me encontro apenas em um lugar. Eu quero ganhar o mundo, e estar em mais de um lugar. Desafio os que querem me impedir, mas não estou desafiando a possibilidade, pois não penso no tempo, apenas quero estar em vários lugares pra me sentir livre. Quando me dizem que eu vou voltar “com o rabo entre as pernas” eu não considero uma ofensa, e espero que isso realmente aconteça, pois não quero viver no mundo, apenas quero me sentir livre pra ver como é. Quero errar e aprender comigo mesma e voltar pronta pra estar no meu lugar dizendo que eu já fui à busca da felicidade e descobri que ela está onde eu estou. Espero compreensão! Eu te amo tá?!

1 comentários:

Dupla de escritores amadores e nada modestos... disse...

Obrigado pela visita!
Seus desejos são os desejos de uma jovem comum: vestir a camisa de ideologias, seguir filosofias, buscar uma identidade. Gostei do blog, merecedor de um link. Abraços amiga blogueira!